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As Mulheres e a Música

Hoje, dia 08 de Março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher.

Flores, chocolate, jantar romântico, outros presentes, era mais ou menos com estes “acessórios”, que esta data era vista pela maioria das pessoas.

Hoje é de outra forma.

Hoje a mulher quer ser respeitada, quer ser independente, quer ter voz. A mulher não esta deixando de ser feminina por conta destas conquistas, deixando o homem a parte. A mulher esta buscando uma transformação onde o homem deve assumir o papel de protetor da mulher, pela sua essência humana e não com uma visão material, territorialista.

A mulher completa o homem e o homem completa a mulher. Parece estranho esta frase não é ? Parece que estou escrevendo duas vezes a mesma coisa em ordem diferente não é ?

Mas essa frase é para deixar claro que o que a mulher tem para o homem tem o mesmo valor do que o homem tem para a mulher. A falta que esta em um completa o outro. E por isso todo comportamento maxista ou feminista é pura demência.

Tudo isso que falamos hoje, por milênios, foi totalmente diferente. A mulher historicamente precisou sempre lutar muito para conseguir garantir direitos. E um detalhe importante, mesmo nos movimentos feministas mais “bravos” que vimos na história, nunca as mulheres buscaram ser mais que os homens, mas sim estarem ao lado como parceiras, como agentes de mudança na sociedade.

A música é um dos registros mais belos da essência dessa luta. Muitas artistas ao longo dos anos deixaram impresso suas marcas, através de letras que buscavam falar desta luta pela igualdade.

Então que tal falarmos de algumas destas mulheres e artistas que marcaram seu tempo com sua voz e inteligência ?

Vamos começar com uma veterana.

Elza Soares

Foto: Reprodução, Instagram, Elza Soares

Elza Soares é considerada no meio artístico como um ícone da música brasileira. Elza Soares nasceu no Rio de Janeiro em 1930 e desde criança sonhava em cantar. Perdeu o marido muito nova, aos 21 anos e com 6 filhos para cuidar. Sua principal atividade nesta época era fazer faxina, mas como exemplo para todos nós de persistência, ela nunca abandonou o sonho de ser cantora.

Um programa de calouros artístico existe para garimpar talentos, para medir a reação do público a determinada performance. Ajuda os produtores e visualizar em que gênero investir. Por isso quando uma emissora de rádio, TV, ou hoje alguém que promove um programa assim também na internet, todos devem respeitar aqueles aspirantes ao sucesso.

Mas não foi bem assim com Elza Soares. Em 1953 ela participou de um concurso musical em um programa de calouros em uma rádio chamado Calouros em Desfile. Bom, acontece que ela foi inclusive ridicularizada ao vivo pelo apresentador, para todos ouvirem. E os ouvintes na época provavelmente incluiam seus amigos e familiares. Mas ela continuou firme e constante ao ponto que na década de 60 conseguiu viver de sua música e influenciar tantas pessoas com ela.

Em 1999, um projeto de uma outra rádio, a Rádio BBC de Londres, bem maior que a rádio daquele apresentador que há ridicularizou, criou um evento chamado The Milennium Concerts, para marcar a chegada do ano 2000.

Neste evento Elza Sores foi consagrada como a Cantora Brasileira do Milênio.

Clicando aqui você conhece um pouco mais da tragetória desta mulher e como dificuldades extremas não são freio para aqueles que são perseverantes.

Nina Simone

Foi a primeira pianista clássica negra nos Estados Unidos a fazer sucesso. De voz e talento musical impecáveis, se destacou também como ativista pelos direitos civis. Ela imortalizou discursos em prol da causa negra em músicas como “Four Women” e “Mississipi Goddman”.

Nascida em 1933, Eunice Waymon, seu nome de batismo, Nina alcançou destaque na década de 1960, quando passou a tocar em casas de jazz e blues.

Ativista, mulher e negra, sofreu com a violencia doméstica e claro também com o racismo, escancarado naquela época no Estados Unidos.

Era através de sua música que ela travava sua luta contra tais precoceitos e desigualdades. Uma guerreira como poucas no meio musical.

Aretha Franklin 

Aretha Louise Franklin nasceu em 1942 em Memphis, Tennessee (EUA). É uma das maiores cantoras de gospel, R&B e soul de todos os tempos e a segunda cantora a possuir mais prêmios Grammy na história. Tem sua marca na Calçada da Fama em Hollywood (1979).

Aretha Franklin performing on the ‘VH1 Divas Live: The One and Only Aretha Franklin’ at Radio City Music Hall in New York City, 4/9/01. The show airs live on VH1 on Tuesday, April 11, 2001 at 9:00PM EST. Photo by Scott Gries/ImageDirect.

É a primeira artista femina a figurar no Rock and Roll Hall of Fame  em 1987 e segunda a figurar no UK Music Hall .

Também era ativista pela igualdade dos direitos civis nos EUA e era aclamada como a “Voz da América Negra”.

Clara Nunes

Clara Francisca Gonçalves Pinheiro de batismo e Clara Nunes para todo o povo brasileiro, nasceu em Paraopeba MG em 12 de agosto de 1942. Hoje se afirma que ela nasceu em Caetanópolis, pois esta cidade era na verdade um distrito de Paraopeba que foi emancipado e passou a ter status de Cidade. Antes o então distrito se chamava Cedro.

Todo ano na cidade de Caetanópolis acontece o Festival de Música Clara Nunes, evento bem conhecido em MG e no Brasil.

Foi considerada a nona voz brasileira pela revista Rolling Stone e a primeira cantora brasileira a vender mais de 100000 cópias de um disco, derrubando um tabu da época que falava que mulher não vendiam discos.

Foi também uma grande pesquisadora da música popular brasileira, de seus rítmos e folclore. Representou o Brasil em muitos países. Além disso era conhecedora das danças e tradições africanas e por esta influência, que inclui também suas crenças religiosas (Umbanda – convertida à crença quando já morava no Rio de Janeiro), enriqueceu suas canções com a cultura afro-brasileira.

Clara Nunes é a mais jóvem dos sete filhos de Manoel Pereira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes. Sua família era muito humilde e ela ficou orfã muito cedo, aos seis anos de idade, tendo sua criação de responsabilidade de seus irmãos, Dindinha e Zé Chilau (Maria e José). A música já vinha de seu pai, pois era violeiro.

Sua primeira vitória na Música, foi em 1952, em um vestival de música na sua cidade Natal, mas ainda não tinha como viver apenas de sua música. Se tornou na mesma época tecelã na fábrica Cedro e Cachoeira e depois precisou mudar as pressas para Belo Horizonte, devido a problemas sérios que teve em família onde o protagonista disto, seu irmão Zé Chilau que foi acusado de matar uma homem.

Em Belo Horizonte morou no bairro de Renascença e trabalhava em uma fábrica de tecidos no mesmo bairro.

Foi “descoberta” por Jadir Ambrósio, maestro, compositor, cantor e instrumentista em uma festa típica de uma Igreja chamada Santo Afonso no bairro Renascença de Belo Horizonte, onde ele comandava um show de calouros.

“Quando eu vi, ela estava cantando pela primeira vez percebi que estava diante de uma celebridade”

Jadir Ambrósio

E foi o que aconteceu, pois ele (Jadir), levou Clara aos radialistas da época e com isso teve o inicio de seu sucesso a partir da gravação do samba “Vida Cruel” de autoria do próprio senhor Jadir, junto com Waldir Miranda.

Jadir Ambrósio fundamental na vida artística de Clara Nunes.

Depois disso ganhou vários concursos famosos de música, cantou com vários expoentes da música, teve um programa de televisão, passou a viver da música e foi para o Rio de Janeiro, onde na época era o melhor lugar para desenvolver uma carreira artística. O mar, uma de suas inspirações para suas músicas, foi só ver pela primeira vez em 1965, época que mudou-se para o Rio.

Infelizmente nos deixou em 1983 vitima de choque anafilático ocasionado por complicações em uma simples cirurgia de varizes.

Sabemos que no mundo da música a tantas outras mulheres que igualmente nos inspiram por sua história de vida, persistência, fé e visão transformadora, mas creio que podemos com estas quatro mulheres citadas representar o espirito feminino dos dias atuais.

A todas a mulheres inclusive as músicas que nos lêm, um Feliz Dia das Mulheres, com muita atitude, igualdade e beleza física e espiritual.

Robson Oliveira – Papo de Música.

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