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Como escolher um microfone – O guia prático

Esteja você montando um karaokê para os amigos, indo ministrar uma palestra, realizar um culto ou um casamento, cantar em uma festa, ou indo com sua banda participar de um grande festival de música, ou seja lá o que for que precise amplificar vozes e/ou instrumentos, lá estará o microfone. Não tem jeito, esta é uma peça essencial.

Você pode até utilizar o microfone interno do smart phone para uma live, ou um rápido pod cast, mas o microfone é essencial para que os trabalhos sejam profissionais.

Neste artigo vamos falar sobre este importante equipamento e como escolher o correto para o que você precisa, além de desmistificar de uma vez por todas aqueles termos técnicos que muitas vezes não encontramos uma boa explicação sobre o que são.

A primeira coisa é definir os objetivos para cada microfone que você precisa, ou melhor, definir quais os usos para microfones que você terá e a partir disto definirmos quais microfones a serem usados.

Vamos supor que você faça parte de uma banda de cinco integrantes brincipais e quatro backvocals. Vamos supor que na sua banda, você seja o vocalista e um dos guitarristas, mas também teremos o baixista, o violonista, o tecladista e claro o baterista, não esquecendo das quatro backvocals.

Tendo em mente esta configuração começamos a listar o que precisamos em termos de captação de som por microfones. Vamos então chegar ao seguinte:

  • 1 microfone para vocal principal;
  • 4 microfones para as back vocals;
  • 1 microfone para o cubo de baixo;
  • 1 microfone para o cubo de guitarra;
  • 1 kit de 7 microfones para a bateria;
  • 2 microfones para vocal de reserva.

São um total de 16 microfones, mas e ai quais microfones vamos escolher.

No artigo vamos apresentar tudo que é importante para que você seja capaz de fazer a escolha para o exemplo acima e para a sua necessidade específica. Pois ali demos um exemplo de som ao vivo, mas e para um estúdio ? E se você deseja gravar para seu canal no Youtube ? Dentre outras situações. Ao final você vai poder tomar estas decisões de escolha.

Quais são os diferentes tipos de microfones?

Depois de definido o objetivo para o uso do ou dos microfones é hora de falarmos dos tipos de microfones. Vamos lá.

Dinâmico

Microfone dinâmico é aquele que mais vemos. Geralmente um bastão com um globo arredondado, na maioria das vezes prateado (fosco ou brilhate), não querendo dizer que não há modelos de cores diferentes. Raul Gil por exemplo usa um todo dourado, dizem que é de ouro. Seja ele sem fio ou com fio, o funcionamento básico é o seguinte:

Uma pequena bobina dentro de uma cápsula se move com as ondas sonoras e este movimento produz uma pequena corrente elétrica que é transmitida por um cabo até o pré-amplificador e então amplificado o som. No caso do sem fio, o sinal é levado para o circuito transmissor que o converte em um sinal de rádio que é transmitido para o receptor que por sua vez já converte o sinal novamente em sinais elétricos que são amplificados e novamente convertidos em som pelos alto falantes. A curiosidade é que o microfone dinâmico não precisa de uma fonte de energia, ele já produz a corrente elétrica na cápsula.

Mas ai vem a pergunta: E o microfone sem fio que precisa de baterias ? Sim, o sem fio precisa, porém apenas para o funcionamento do transmissor. O Microfone sem fio tradicional, nada mais é do que um microfone dinâmico acoplado a um transmissor, que pelas dimensões reduzidas pode ser instalado no corpo do próprio microfone.

O microfone dinâmico serve para os vocais no palco, para um palestrante, para captar o som de guitarra ou baixo nos seus cubos, entrevistas, captar tambores de baterias, dentre muitas outras possíveis aplicações.

O custo destes microfones são normalmente menores, apesar de que no Brasil temos microfones dinâmicos de alto custo. Para uso geral podemos dizer que encontramos microfones com fio variando de R$100,00 a R$2000,00 e sem fios variando de R$350,00 a R$4000,00.

Existem outras variações, mas as mais comuns são os microfones para aplicação em baterias acústicas e os microfones mais específicos para captação de instrumentos como o SM57 da Shure e similares, muito usados para captar violões acústicos e cubos de guitarra.

Condensador

Este microfone possui um sistema de funcionamento diferente. A sua “cápsula”, entre aspas propositalmente, pois não se trata de uma, é na verdade um capacitor com o formato adequado para a captação de audio. É chamado de condensador, exatamente por causa da captação feita por este capacitor, que também é chamado de condensador.

Como o próprio nome do componente diz, o capacitor ou condensador, vai condensar energia em seu corpo, isto é feito através de placas extremamente finas e no caso do microfone estas placas são sensíveis às ondas sonoras que ao movimentarem também geram a variação elétrica traduzível em som ao passar pelo sistema de audio.

A diferença neste caso é que para que isso aconteça, o microfone deve ser alimentado por uma fonte de energia. Sabe aquele termo “phantom power” que você já ouviu falar ? Pois é isso é uma das denominações de fonte de energia para aplicação com estes microfones. Geralmente a tensão utilizada, varia de 48V a 52V, porém podemos ter microfones alimentados com uma única pilha de 1,5V ou através de uma conexão USB que não vai acima de 5V.

A fonte conhecida como “phantom power” geralmente é encontrada já embarcada em mesas de som e outros dispositivos como interfaces de audio e mixers já amplificados.

Microfones condensadores são de uso mais fixos, geralmente para captação em estúdios de gravação, estúdios de filmagem, ou mesmo externamente, mas adequadamente posicionados. Também muito usado em aplicações podcasts. Na exemplo da banda que demos acima, os microfones condensadores por exemplo farão parte do kit de microfones para bateria, pois são muito úteis para captar o som dos pratos.

O que são padrões polares ?

Para muitos não devo conseguir passar como enxergo este termo “polar”, pois por ter tido um contato com a geografia, consigo visualizar de uma forma que o termo já é auto explicativo. Para alguns ao lerem já entenderam o que eu falo.

Mas mudando a forma de ver, podemos dizer o seguinte, o padrão polar de um microfone, se refere a forma que ele capta os sons a sua volta.

A visualização de como serão as fontes de audio que você deseja captar é que vão determinar os padrões polares que os microfones escolhidos deverão possuir.

O formato mais comum e utilizado por exemplo é o cardioide. E vamos começar a explicação através dele como primeiro exemplo. Microfones usados para vocais por exemplo em palcos são cardióides ou super cardióides.

Vamos então começar:

Padrão cardioide e super cardioide.

O Padrão cardioide capta a frente do microfone e nas laterais, porém tendendo a captar apenas o que esta próximo. O super cardioide tem a mesma função, porém a captação frontal é mais definida e a lateral mais limitada.

As figuras abaixo mostram o formato de captação destes padrões, observe o formato semelhante a um coração, que é exatamente o motivo de ter este nome.

Padrão omnidirecional

Neste caso a captação é em todas as direções, são microfones que permitem gravar todo o ambiente com o máximo de estabilidade, ou seja, considerando o microfone como o ponto central, todos e tudo que estiver posicionado no mesmo raio em relação ao centro, serão captados com mesmo nível.

Um microfone deste é muito útil quando se deseja captar um grupo grande de pessoas cantando por exemplo, ou até em algum local onde não há como posicionar um microfone para cada um.

A figura abaixo mostra as características deste padrão.

Figura 8 ou bi direcional

Neste caso o microfone vai captar em dois lados, o que permite por exemplo gravar um dueto entre dois cantores por exemplo. Microfones condensadores tradicionais de estúdio podem ter esta função.

A figura a seguir mostra como é este padrão.

Padrão ultra direcional

Neste caso o objetivo é captar a maiores distancias e o mais direcional possível, sem sofrer com interferências laterais ou traseiras. O microfone capta o som de onde esta sendo apontado. São conhecidos como shot guns e muitos para melhor o nível de captação filtrando por exemplo o som de correntes de ar, utiliza-se um revestimento conhecido como “peludo” ou “priscila”. Muitas vezes estes microfones são usados com um suporte chamado “vara de boom”, muito frequente em gravações de videos como filmes, comerciais, novelas, etc.

As figuras abaixo mostram isto.

O que é resposta de frequência?

Poderíamos tecer longas explicações sobre o tema, mas falar de resposta de frequência é simples.

Vamos começar entendendo o seguinte: nós normalmente conseguimos perceber sons que estão dentro da faixa de 20 Hz até 20 kHz, porém nossa capacidade de dividir a frequências que estamos ouvindo para sermos capazes de entendermos como uma mensagem, por exemplo a fala, não acontece em toda esta faixa de frequência. Se alguém gravar uma mensagem e esta gravação for convertida a uma frequência média de 20 Hz, nós não seremos capazes de entender o que aquele som nos diz. Isto porque não temos a sensibilidade suficiente para perceber as variações de frequência neste nível.

A mesma coisa acontece com um microfone, supondo que um microfone responda em uma faixa que comece nos 50hz e vá até os 12kHz. Isto significa que sons nesta faixa de frequência serão captados, porém as frequências inferiores e as superiores, poderão ter uma maior dificuldade de ser percebida corretamente, ou seja, o microfone não conseguirá reproduzi-la em corrente elétrica de uma forma que ao ser amplificada, será ouvida com o mesmo timbre que a emissão natural.

Isto explica o que é a resposta de frequência e nos apresenta um outro conceito que é a sensibilidade.

A sua escolha de microfone deverá ser de acordo com o quem ou quem se quer captar. Para captar um bumbo de uma bateria, o microfone geralmente é dinâmico, cardioide e com maior sensibilidade nas frequências mais baixas (mais graves). No caso da voz humana, deve-se optar por uma resposta mais ampla e ótima sensibilidade nos graves, médios e médios agudos.

O que é sensibilidade e SPL ?

A sensibilidade é simplesmente então o quão baixo, no sentido de intensidade, o som captado é e consegue ser transmitido ao sistema de reprodução ou gravação. Com isso como falamos mais acima, varia com a frequência captada. Um microfone que capta frequências muito baixas por exemplo com um intensidade também baixa, pode não ser tão bom para a captação de frequências agudas, principalmente se pouco intensas.

O SPL, é o nível de pressão sonora. É como se falassemos de nossos tímpanos, ou seja, qual o nível de pressão sonora, medido em decibéis, pode ser captado sem distorções em relação ao som natural. Uma pressão sonora acima da capacidade do microfone resulta em captação distorcida.

Mais uma vez exemplificando com o bumbo da bateria, podemos dizer que é necessário que o microfone tenha uma resistência (SPL) mais alto, pois apesar da frequência baixa, o nível em decibeis será alto.

Com estas informações você já será capaz de escolher os microfones mais adequados para seu uso. Como sugestão extra e como um presente, temos um e-book no formato de apostila com mais de 170 páginas, escrita por um engenheiro de som que não se identificou, e deixou que ela pudesse ser distribuida livremente, desde que sem alterações e jamais vendida, ou distribuida de maneira condicional a alguma ação do leitor. Clique aqui para baixar ela.

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